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Três anos de obra, e 53% da Travessia Urbana está pronta

Milhares de cargas de pedras, areia, ferro e asfalto, misturadas com centenas de litros de suor dos cerca de 230 trabalhadores que, nos últimos três anos, sob chuva ou sol, mudaram o cara das rodovias que cruzam Santa Maria. Quem saiu da cidade em 2014 e não tinha voltado mais vai se surpreender quando chegar e se deparar com um grande canteiro de obras ao longo de 14,5 km, entre o trevo do Castelinho e a ponte do Arroio Taquara, perto da Ulbra. Se vier de São Pedro do Sul, verá novas pontes prontas e novas pistas duplicadas, mas ainda não liberadas, assim como o gigante viaduto que está sendo erguido no trevo de acesso à Tancredo Neves. Se seguir mais um pouco, verá o viaduto de acesso ao novo shopping, inaugurado em setembro. Se descer a Serra ou vier de Camobi, talvez tome um susto ao ver o trevo do Castelinho irreconhecível. Lá, tem um viaduto novinho em folha, com aterros que totalizam 400 metros de extensão e que foi liberado ao trânsito na quinta-feira, trazendo segurança a um trevo onde muita gente perdeu a vida ou ficou ferida em graves acidentes que devem ficar apenas no passado.

Até quem mora ao lado da obra há mais de 50 anos não acreditava que ela sairia do papel.

- Meu marido dizia que iria morrer e não ver esse viaduto pronto. Já eu dizia que iria ver pronto e ainda passar por ele muitas vezes. Era um sonho antigo ver esse viaduto assim, e ficou muito bonito e iluminado, pois era uma escuridão e um perigo antes. A gente tinha até medo - conta a professora aposentada Gladis, que na quinta à tarde, fez questão de sair de casa e ir com parentes para ver a liberação do trânsito do viaduto do Castelinho, com uma câmera na mão para registrar para a história esse momento.

Esse é o segundo de 19 viadutos e pontes previstos que foram liberados ao trânsito nesses 3 primeiros anos da obra de duplicação da Travessia Urbana de Santa Maria, iniciada em 16 de dezembro de 2014 - outras duas pontes estão prontas, enquanto cinco viadutos e pontes estão em obras.

Claro que nem tudo saiu como planejado e, assim como há o reconhecimento de que a principal obra viária de Santa Maria teve grandes avanços até agora, por outro lado existem algumas queixas de motoristas, moradores e empresários. A previsão inicial era que em três anos, 100% da obra estaria pronta. Mas o prazo acabou neste sábado e, somente 53% dos serviços foram executados. O motivo do atraso, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit): com a crise econômica e política, o governo federal só conseguiu repassar para a obra pouco mais da metade dos recursos previstos, o que deixou os trabalhos mais lentos.


Nesses três anos, um dos dois consórcios chegou a parar a obra devido a problemas burocráticos, enquanto a duplicação correu o risco de paralisar totalmente por duas vezes devido à escassez de verbas. Mas o Dnit, com apoio de parlamentares gaúchos, conseguiu remanejar recursos e garantir a continuidade da obra.

Agora que a duplicação passou da metade, a grande dúvida é quando ela ficará pronta, afinal, já que o canteiro de obras bem no meio da cidade causa transtornos devido a desvios e até ao pó que invade casas e lojas em alguns pontos.


O superintendente do Dnit no Estado, Hiratan Pinheiro da Silva, diz que foi uma vitória ter garantido que a obra continuasse, diante da crise no país, já que até a segunda ponte do Guaíba, na Capital, e a duplicação da BR-116, para Pelotas, chegou a paralisar devido à falta de verbas. Ele trabalha com dois cenários daqui para a frente.


- No cenário otimista, dá para concluir a travessia em dois anos, no final de 2019. Mas como em três anos fizemos metade da obra, o cenário mais realista seria de concluir a duplicação daqui a três anos, em 2020, se seguir no mesmo ritmo de liberação de verbas - diz Silva.

O chefe do escritório do Dnit em Santa Maria, João Carlos Tonetto, diz que a prioridade será ir aprontando trechos que possam ser liberados ao tráfego.


- Liberamos a passagem inferior de acesso ao novo shopping a tempo dele abrir e, agora, o viaduto do Castelinho. Só de o viaduto da Duque de Caxias já estar em obras melhorou o trânsito ali e não houve mais acidentes graves. Em 2018, queremos liberar mais alguns trechos, como os viadutos da Tancredo Neves e da Faixa de Rosário, a ponte do Cadena e o viaduto da Duque, para que as pessoas já possam ir usando, mas vai depender do volume de recursos que vier - diz Tonetto.




Avanços e alguns problemas


Mesmo ainda não estando pronta e causando transtornos para o trânsito, a duplicação da Travessia Urbana já tem alguns avanços para o trânsito e na redução de acidentes. Com a liberação dos viadutos do Castelinho, da passagem inferior para o shopping e as mudanças do trânsito para construção do viaduto da Duque, o número de acidentes graves caiu significativamente nesses locais, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Nesses pontos, era comum haver mortes e feridos graves, e isso praticamente não ocorreu mais. Os dados ainda estão sendo levantados.

- Em termos de fluidez do trânsito, não houve grande avanço ainda, a não ser em trechos pontuais. E quanto à sinalização, estamos sempre cobrando do Dnit, que tem tido uma comunicação muito boa com a PRF. Como as obras vão mudando de lugar, os problemas também. O Dnit sempre nos envia o projeto de alterações para a gente aprovar e dar sugestões. O trevo da Walter Jobim com a Faixa de Rosário, onde está sendo feito o viaduto, é o maior desafio hoje - diz Heder Macedo, chefe da PRF em Santa Maria.

Apesar de o Dnit ter uma empresa contratada só para fiscalizar a obra e cuidar se as sinalizações estão adequadas, assim como se há algum risco a motoristas e pedestres, nenhuma obra é perfeita. No trevo da Walter Jobim, moradores e lojistas reclamam da poeira constante.


- Diziam que os caminhões-pipa deveriam passar com água a cada hora, mas demora mais e a terra seca. Enche a nossa farmácia de poeira - diz a atendente de uma farmácia.

- Com relação ao que foi prometido e executado, com só metade da obra pronta, a gente fica frustrado. Por outro lado, foi um alívio porque a obra nunca parou. Continuamos com o sonho de ver a duplicação pronta - diz o presidente da Cacism, Rodrigo Decimo.


Loiva mora no caminho da duplicação


Mais de 150 casas e pedaços de terrenos de moradias e de empresas terão de ser desapropriados (com indenização) ou ter reintegração de posse (sem pagamento porque houve indenizações nos anos 1970) para dar lugar à obra. Já famílias mais pobres receberão outras casas. Porém, a grande dúvida é quando isso irá acontecer. Equipes visitaram e cadastraram todos os atingidos pela obra em 2015 e, segundo o Dnit, a empresa contratada para fazer esse serviço presta informações e faz visitas aos moradores, que podem, inclusive, tirar dúvidas pelo telefone 9090 3217-4531, em horário comercial.


A auxiliar de limpeza Loiva Teixeira da Silva, 63 anos, mora em uma área ocupada, às margens da BR-287, há 19 anos, quando se separou e precisou arrumar onde viver.


- Eles vieram nos cadastrar e deixaram telefone para a gente ligar. A assistente social vem nos visitar às vezes. Disseram que vai demorar. Antes, fiquei muito triste de ter de sair e até fiquei doente, pois tenho problema de coração e ficava nervosa, quando as máquinas estavam na minha porta. Parecia que ia desabar tudo - conta Loiva.


O Dnit diz que vai reservar verbas para começar a fazer a remoção das primeiras casas e empresas ainda em 2018, mas ainda não pode informar detalhes porque dependerá do volume de dinheiro disponível.

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